Chamadas crescentes para cortar as emissões de carbono e reduzir o aquecimento global podem gerar mais parcerias offshore e aumentar a produção de petróleo mais limpo para o Brasil, disse em entrevista o chefe de produção da estatal Petrobras.
Funcionários do petróleo do Brasil estão em Houston em uma conferência de petróleo offshore procurando parceiros para desenvolver campos de petróleo em águas profundas que serão leiloados em dezembro. Os campos empregarão tecnologia de baixo carbono que pode ajudar as grandes petrolíferas a atender à demanda por menores emissões de gases do efeito estufa, disseram as autoridades.
As autoridades agendaram reuniões com a Exxon Mobil Corp, TotalEnergies e Ecopetrol, apurou a Reuters. BP PLC e Chevron Corp também foram convidadas para discussões, disseram pessoas próximas às negociações.
A conferência deste ano, uma versão reduzida devido ao aumento das hospitalizações por coronavírus, viu pelo menos um grande expositor retirar sua equipe do evento.
“Projetos que produzem menos CO2 serão os últimos a sair do ar”, disse o chefe da Petróleo Brasileiro de E&P, Fernando Borges, à Reuters neste domingo, em um evento em Houston que deu início à primeira Offshore Technology Conference (OTC) em mais de dois anos. “Esse ambiente tornou nossos novos projetos mais atraentes.”
O Brasil está propondo projetos offshore projetados para operar em plataformas movidas a eletricidade e com eficiência de carbono, em vez de combustíveis fósseis mais poluentes. A mudança pode reduzir as emissões da plataforma em cerca de 20%. Essa mudança, para poços de maior volume e petróleo bruto com menor teor de enxofre, poderia ajudar as grandes petrolíferas a produzir um combustível mais limpo, disse Borges.
PETROBRAS PARA ELEVAR META DE PETRÓLEO
As decisões finais de investimento garantidas em seus campos offshore permitirão à Petrobras aumentar sua meta de produção em seu próximo plano de negócios de cinco anos, disse Borges. A meta de produção será divulgada ainda este ano.
A Petrobras, que responde por mais de dois terços da produção brasileira, bombeia cerca de 2,7 milhões de barris de óleo e gás por dia (boepd) e tem como meta 3,3 milhões de boepd até 2025.
O leilão de dezembro no Brasil será a segunda vez que seus blocos Sepia e Atapu serão colocados à venda. Um leilão há vários anos fracassou por falta de investidores.
A Petrobras também está procurando parceiros para a área equatorial do Brasil, onde a estatal luta para obter licenças para perfurar blocos próximos a 30 quilômetros (19 milhas) da fronteira com a Guiana e suas descobertas. A Exxon divulgou mais de 9 bilhões de barris de petróleo e gás potencialmente recuperáveis na costa da Guiana.
A Exxon seria uma candidata potencial natural para os blocos fechados na fronteira com a Guiana, disse Borges, ao mesmo tempo que espera atrair outras empresas.
Os projetos na nova área exploratória só seguirão em frente se a Petrobras conseguir parceiros para desenvolver os campos, o que pode exigir até US $ 6 bilhões em investimentos, disse Borges.
“Um parceiro é pouco, dois é bom, três podem ser acomodados”, disse ele. “Mas sempre em parceria.”