Bradesco BBI avaliou positivamente a inflação nos preços de cerveja, enquanto o Itaú BBA destacou como sinal negativo o aumento dos preços de vestuário.
Os dados de preços de agosto medidos pelo IPCA (índice de preços ao consumidor) foram divulgados na última sexta-feira (9) e, apesar de apresentarem nova deflação, de 0,36%, esconderam medidas de núcleo e difusão ainda persistentemente altas.
Em relatório, o Bradesco BBI destacou que os dados de inflação de cerveja aceleram significativamente em relação aos meses anteriores e em relação à inflação geral, bem como em relação à inflação de biscoitos e massas e alimentos processados. Os analistas do banco destacaram esperar que essa tendência continue em setembro, já que os varejistas trabalham completamente com os estoques de cerveja que tiveram preços mais baixos.
A cerveja no domicílio, comprada em varejistas, subiu 2,37% na comparação mensal, superando 10% nos últimos doze meses. Já a bebida fora do domicílio, comercializada em bares e restaurantes, subiu 1,71% na base mensal e 6,50% na comparação anual.
“Como resultado, estimamos que os custos da cerveja caíram 2% na comparação com igual período do ano anterior, com base nos preços spot [à vista] de commodities”, aponta o BBI, enquanto houve inflação de cerveja.
Os analistas avaliam que a Ambev está negociando a um atraente múltiplo de preço sobre o lucro para os próximos 12 meses de 16 vezes, abaixo da média histórica de 23 vezes (no preço-alvo estimado para 2022, negociando a 21 vezes). “Nosso Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] está em média aproximadamente 10% acima do consenso para 2023 e 2024, pois refletimos o benefício de custos mais baixos de commodities e preços mais altos de cerveja”, avalia.
Para os analistas, a notícia não é positiva para as companhias de vestuário. Eles destacam que o mercado já esperava que os varejistas enfrentassem uma base de comparação difícil no segundo semestre de 2022 (2S22).
Contudo, acreditam que a inflação de vestuário acima do esperado e a normalização da poupança das famílias (e aumento dos gastos em serviços, um dos principais impulsionadores do crescimento do PIB acima do previsto de 1,2% no 2T22) provavelmente se traduzirão em um cenário macroeconômico menos benigno para as vendas e para a lucratividade no setor no curto prazo – um ponto a ser monitorado de perto.
Fonte: Infomoney