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Citi rebaixa ações da China, tira visão ‘acima da média’ para Brasil e aposta na renda fixa dos EUA

Embora as taxas estejam elevadas, a casa ressalta que há pouco posicionamento agora nos títulos de dois e de dez anos do Tesouro americano. 

Dados decepcionantes de crescimento e uma piora no setor imobiliário na China, acompanhados de números que mostram uma economia mais resiliente nos Estados Unidos, levaram o Citi a modificar as alocações de ações ao redor do globo.

Em relatório divulgado ontem (27), a equipe de estratégia do banco informou que rebaixou a recomendação para ações chinesas para neutra e eliminou a posição acima da média de mercado (overweight) para Brasil, Hong Kong e Austrália, sem dar muitos detalhes.

No documento, os profissionais destacaram que a recuperação da China tem se mostrado altamente dependente da política do governo central e aquém do esperado.

Nesse sentido, o Citi disse que mudou as alocações de ações em mercados não específicos fora dos Estados Unidos de volta para as ações americanas, e eliminou o peso maior que tinha dado a países que podem ser mais diretamente afetados por perspectivas piores para a economia chinesa – caso do Brasil.

Uma das justificativas para a visão mais positiva com os Estados Unidos e negativa com a China está na diferença de estimativa de crescimento econômico para os países.

Ao mesmo tempo em que elevou as projeções para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) americano neste ano para 2,3%, o que representa uma alta de 1,3 p.p. em relação à estimativa anterior, a casa revisou para baixo a expectativa para o PIB chinês, que agora está em 4,5%, 1,3 p.p, abaixo do previsto anteriormente.

Embora estejam com uma visão menos otimista para a China, os profissionais defendem que ainda não é possível excluir uma recuperação mais forte no País.

“Caso o Governo ofereça assistência substancial ao setor imobiliário, implemente incentivos para impulsionar o consumo interno e encoraje mais investimentos em ativos produtivos, a China tem meios para regressar a uma taxa de crescimento mais elevada”, avaliam.

Porém, no momento, o Citi destaca que os desafios são “substanciais” para os chineses. Os especialistas ponderam que a falta de uma ação política em um momento de baixa inflação e alto desemprego podem aumentar os riscos de deflação (inflação negativa) forçada.

“Na atual circunstância, uma queda nos preços das exportações chinesas provavelmente reduziria os preços globais dos bens, o que poderia gerar uma deflação em bens que muitos acreditavam ser algo do passado”, justificam os profissionais.

O fenômeno também poderia ter impacto nos Estados Unidos e ser um catalisador para a visão da casa de que a inflação americana terminará em 2,5% ou menos até o fim de 2024.

Embora haja uma expectativa de alívio mais adiante, preocupações com a escalada de preços seguem no radar dos agentes e foram novamente citadas por Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) na última sexta-feira (25), durante o Simpósio de Jackson Hole.

Os analistas do Citi avaliam que o tom utilizado por Powell mudou radicalmente entre as duas últimas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

Por causa da resiliência dos dados de demanda nos Estados Unidos, os especialistas acreditam que Powell quis ressaltar que as ferramentas de curto prazo estão disponíveis para serem usadas.

Em seu discurso, em Jackson Hole, Powell destacou que a inflação ainda está elevada, mesmo já tendo passado pelo pico. Disse ainda que está preparado para subir mais as taxas de juros, se for preciso.

Os especialistas do Citi destacam que a desinflação nos EUA, acompanhada da manutenção do ritmo de consumo e dos problemas envolvendo o crescimento chinês, sugere um fortalecimento do dólar frente a outras moedas e a possibilidade de que os ativos americanos tenham desempenho superior aos demais neste momento.

Rali na renda fixa americana

A renda fixa americana é a classe de ativos que desperta mais otimismo para o Citi. Ainda que os preços tenham recuado recentemente, com a elevação das taxas de juros, o Citi disse que manteve os papéis com grau de investimento com alocação overweight (acima da média de mercado). O destaque está nos títulos públicos (Treasuries), que estão oferecendo rendimentos bastante atrativos.

Embora as taxas estejam elevadas, a casa chama atenção para o fato de que há pouco posicionamento agora nos títulos de dois e de dez anos do Tesouro americano, assim como aconteceu com as ações americanas no começo do ano, quando o mercado apostava que haveria uma recessão em breve nos Estados Unidos.

“Acreditamos que essa posição indica medo de que o Powell continuará a aumentar as taxas e uma visão secundária de que a inflação poderá voltar a subir”, avaliam os especialistas, que não descartam a chance de rali na renda fixa americana em breve. “Isso pode ser motivado por quaisquer sinais de que os EUA não estão conseguindo sustentar um crescimento milagrosamente forte”.

Segundo os especialistas, uma piora no mercado de trabalho, acompanhada de uma desaceleração da economia americana e de uma deflação nas exportações chinesas, deverá reduzir as pressões sobre os rendimentos dos títulos em 2024

 

Fonte: Investing 

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